segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Combate do Fão . Ato histórico lembrou os 79 anos da última batalha sangrenta do Estado

Por iniciativa da Escola Estadual Pouso Novo, com o apoio da Secretaria Municipal de Educação e a participação de um grupo de sete  escritores da Academia Literária do Vale do Taquari (Alivat) foi realizado sábado, dia 17, um ato denominado de Resgate Histórico para lembrar os 79 anos do Combate do Fão, ocorrido em 1932, dentro da Revolução Constitucionalista, na divisa dos municípios de Pouso Novo, Fontoura Xavier e Progresso, no Vale do Taquari. O evento aconteceu na localidade de Barra do Dudulha, no local onde ocorreu o enfrentamento entre as forças do Estado lideradas pela Brigada Militar e os revolucionários que lutaram na defesa pela implantação de uma constituição pelo governo do presidente Getúlio Vargas. No lugar da batalha hoje tem um campo de futebol. O tronco seco de uma árvore de Canjerana resiste ao tempo e é considerado testemunha do tiroteio.
A cerimônia de resgate, coordenada por Alício de Assunção, foi realizada  num pequeno cemitério, existente as margens do Rio Fão, em frente ao prédio da escola desativada, o salão comunitário e uma igrejinha. Contam os moradores da localidade que em uma vala comum teriam sido enterrados os corpos de seis combatentes que não foram identificados. O local está cercado com grade de ferro e tem apenas uma cruz de madeira, sobre a qual foi colocada uma bandeira do Estado. A cerimônia foi aberta com o canto do hino riograndense. O primeiro a se pronunciar foi o presidente da Alivat, Deolí Gräff, que destacou a importância de recuperar a história do episódio que marcou a bravura do povo gaúcho. “Custa a entender que num recanto tão distante, entre montanhas dois grupos tenham se encontrado para duelar de forma sangrenta, as margens do encontro das águas do Arroio Dudulha com o Rio Fão”.
O vice-prefeito de Progresso, Luiz Dalcin e o prefeito de Pouso Novo Jovani Nardino elogiaram a iniciativa de resgatar a história do combate. “Nós temos que respeitar este fato e recuperar todas as informações sobre este combate”, afirmou Nardino.
O historiador José Alfredo Schierholt fez um relato situando na história o Combate do Fão. “A origem foi a eleição de Getúlio Vargas a presidente do Brasil em 1930, que prometeu fazer uma constituição ao país. Ele não cumpriu, o que levou o Estado de São Paulo se rebelar contra Getúlio e recebeu o apoio do Rio Grande do Sul e Minas Gerais. No nosso Estado o enfrentamento entre as forças revolucionárias e os governistas se deu com o Combate do Fão”, explicou ele. Sobre o número de mortes, Schierholt disse que os números são desencontrados e não há uma informação exata. “Mas o certo é que ocorreram muitas baixas do lado dos revolucionários, que tinham menos poder de combate”. Schierholt lembrou a letra do hino riograndense para dizer que “foi uma ímpia e injusta guerra”.

Um museu deverá guardar a história
A moradora da localidade, a ex-professora Leda Trombini e a filha Janaína, que concluiu a faculdade de História na Univates, pesquisaram a história do Combate. A mãe guarda um punhado de cápsulas da munição de armas usadas na batalha. “Isto foi encontrado pelos moradores e acho que deve ter muito mais coisas nesta região”, conta Leda ao mostrar as capsulas de munição. Janaína emocionou-se guando Alício de Assunção anunciou que para os oitenta anos do Combate a serem comemorados no ano que vem, deverá ser escrito um livro, com o apoio do historiador José Alfredo Schierholt e outros pesquisadores. “Meu grande sonho é transformar o prédio que serviu de escola, ser transformado em museu, onde poderiam ser guardadas as peças encontradas e que serviria de local de estudo para alunos e visitantes”, afirmou janaína.
A diretora da Escola Estadual Pouso Novo Tânia Constantin declarou integral apoio dos alunos e professores para trabalho histórico. “Os nossos alunos e a comunidade precisam conhecer melhor o que foi este fato que marcou a história do Estado”. Também a secretária de Educação Liane Nardino confirmou que vai ajudar o projeto e disse que o professor e primeiro prefeito do município, Ângelo Bonacina deverá ser convidado a contribuir no relato histórico.

A opinião da estudante
Acompanhando atentamente o evento, a estudante da Escola Estadual Pouso Novo, Marília Nardino (17), falou sobre a importância do evento: “Como uma admiradora da história, enfatizo a importância de resgatar a cultura e os acontecimentos que ocorreram na Barra da Dudulha. Não devemos esquecer, pois se hoje somos uma comunidade devemos muito ao que foi realizado no passado”.

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